Os 60 anos de aniversário do primeiro disco estereofônico

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Ao contrário do que alguns afirmam, este ano se completam 61 anos (e não 60 anos), do primeiro disco estereofônico na América. O mérito coube a Sidney Frey, dono da gravadora Audio Fidelity, que depois teve presença no Brasil e promoveu o primeiro concerto de Bossa Nova no Carnegie Hall.

 

Ouvindo a narrativa de um desses canais do YouTube com assuntos de áudio eu fiquei surpreso quando, ao abordar os 60 anos do lançamento do primeiro Lp estereofônico em território norte-americano, o narrador se refere à Columbia como primeira gravadora a lançar o disco estéreo em 1958.

Na realidade esta proeza foi feita pela Audio Fidelity em novembro de 1957, portanto são aproximadamente 61 anos do acontecimento.

O ideal seria que as pessoas que gostam de ajudar terceiros ou ilustrar pontos da história de qualquer assunto, fizessem uma pesquisa bibliográfica cuidadosa, antes de falar ou escrever qualquer coisa.

E não me refiro a cometer erros, porque qualquer sábio ou scholar pode errar feio, mas inserir erros por descuido e falta de atenção, ensinando os outros com informações erradas!

Quando eu ouvi que o primeiro Lp estéreo tinha sido lançado pela Columbia, eu imediatamente pensei que tinha aprendido a história de outra maneira. Mas, quando adolescente, comprava-se um Lp Audio Fidelity e na contracapa se lia a bravata de Sidney Frey, seu fundador, orgulhoso de ter lançado ele próprio o primeiro disco estéreo na América, em 1957.

Se nós olharmos a história em retrospectiva, iremos observar que as principais pesquisas em disco foram as do engenheiro inglês Alan Blumlein, que trabalhava para a EMI na época em que ele desenvolveu e patenteou nada menos do que processos de gravação para filmes e discos, ambos estereofônicos, além do som surround, tudo isso em 1931.

 

 

Blumlein fez pesquisa com som binaural, junto com uma precisa colocação de microfones. Todos esses princípios são usados até hoje por engenheiros de áudio no mundo todo.

Na América, coube a Emory Cook as primeiras iniciativas em disco fonográfico com som binaural, lançadas em 1954. Cook fundou o selo Cook Records, com este objetivo.

 

 

Os discos de Cook tinham duas faixas por lado, sendo que o braço tinha duas cápsulas equidistantes, uma para cada faixa. Com isso se obtinha som binaural ou estéreo.

O Lp estereofônico

Seguindo-se ao advento do desenvolvimento do corte de acetato no formato 45/45 pela Westrex, foi feita uma demonstração na convenção da Audio Engineering Society de 1957, com o disco copiado da gravação da Capitol “Intro To Stereo”, que havia sido previamente lançada em fita magnética:

 

 

O disco Lp propriamente dito foi lançado comercialmente em 1958, com o título “The Stereo Disc”, pela Capitol.

Em 1957, Sidney Frey fez um acordo com a Westrex para uso do torno de corte do acetato, e posteriormente prensando o primeiro disco estereofônico a ser lançado comercialmente. O disco inicial de 1957, com o título “Stereodisc Demonstration LP” (AFLP 1872), tinha em um dos lados o conjunto de jazz Dukes of Dixieland e Railroad Sounds (sons de ferrovias) no lado 2.

A distribuição inicial era gratuita a quem pedisse uma cópia, mas o disco foi posteriormente vendido em 1958, com outra numeração: AFSD 5851, “SD” acompanhado da marca “STEREODISC” nas capas.

 

Em 1957, Sidney Frey fez um acordo com a Westrex para uso do torno de corte do acetato, e posteriormente prensando o primeiro disco estereofônico a ser lançado comercialmente

O primeiro disco comercialmente lançado pela Audio Fidelity ganhou o nome de “Marching Along with the Dukes of Dixieland Vol. 3” (AFSD 5851). A seguir, o leitor pode ter uma noção de como foi a gravação, ouvindo o clássico de Dixieland “Bourbon Street Parade”, primeira faixa do Lado 2. Note a separação radical dos instrumentos entre os canais esquerdo e direito, mixagem típica da época, com o objetivo de enfatizar a separação estereofônica:

 

 

A propósito, Sidney Frey fundou a Audio Fidelity em 1950. Em setembro de 1962 ele viaja para o Rio de Janeiro, com o objetivo de conhecer a Bossa Nova, e por causa dele foram para Nova York Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Luis Bonfá, e muitos outros. Em 21 de novembro de 1962 foi apresentado um concerto no Carnegie Hall, que foi gravado como a primeira performance pública de Bossa Nova na América.

Logo a seguir, a Audio Fidelity reuniu alguns desses músicos em sessões de gravação, apresentadas depois mundialmente:

 

O disco estereofônico, mérito de Sidney Frey, da gravadora Audio Fidelity

 

A Audio Fidelity passou a ter uma presença no Brasil (Audio Fidelity do Brasil), com sede em São Paulo, até próxima do seu fechamento.

Vários CDs do selo Audio Fidelity foram lançados por aqui, por volta da década de 1990, sob licença. Os CDs foram vendidos a baixíssimo preço e encontrados em lojas do ramo displicentemente expostos em bancas de oferta, e depois desapareçam. Não me consta que na América tenha acontecido algo parecido.

Atualmente, todo o catálogo se encontra em domínio público e reeditados por algumas etiquetas. Aquele mostrado acima eu consegui em edição japonesa, nunca vi vendido por aqui.

O Lp estereofônico foi precedido por fitas pré-gravadas durante a década de 1950. Ainda é possível se encontrar quem venda pela Internet, via Ebay e sites similares. No caso da Audio Fidelity as primeiras gravações estereofônicas foram comercializadas em fitas de 2 e de 4 canais. No YouTube colecionadores exibem discos de demonstração desta época, vale a pena dar um ouvida.  Outrolado_

. . .

Leia também:

 

O som estereofônico

60 anos da Bossa Nova

 

O nascimento, vida e morte da fita cassete

 

O alto custo dos codecs de áudio

 

O aperfeiçoamento da reprodução do áudio digital

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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0 resposta

  1. Olá, gostei muito de ler o seu artigo. Porém, fiquei na dúvida quanto aos primeiros discos estereofônicos. Digo isso porque, pelo que sei, no Brasil o primeiro disco estéreo saiu em 1958 (Ases Do Ritmo – Ritmos Do Brasil Em Estéreo), lançado pela RCA Victor.
    Como tudo demorava a chegar aqui no Brasil, acredito que a inovação, lá fora, veio antes. Ou será que a RCA foi mesmo a pioneira no estéreo aqui no Brasil?

    1. Oi, Cleber,

      Eu nunca me detive em pesquisar sobre a origem da prensagem de discos estereofônicos no país. O que eu posso te afirmar é que a RCA foi pioneira na gravação estereofônica fonográfica, com ensaios que hoje podem ser avaliados em várias edições em SACD (2 e 3 canais). A RCA lançou a série Living Stereo no Brasil. O disco de demonstração foi idêntico ao americano, porém com a narração em português. O original pode ser ouvido no YouTube: https://youtu.be/hnGOLHtzsao

      É bem possível que este disco do Ases do Ritmo tenha sido o primeiro disco estéreo lançado no Brasil, mas as experimentações na América e na Europa o precederam. O som estereofônico no cinema apareceu com o filme Fantasia, de 1940, mas teve impulso somente com o Cinerama de 3 películas em 1952. A indústria fonográfica começou a trabalhar com gravação estereofônica logo após, sendo que as fitas magnéticas pré-gravadas apareceram bem antes dos elepês, por uma série de razões.

      Um detalhe de grande importância neste processo evolutivo é que o disco elepê estéreo não teve aceitação imediata, nem mesmo na América. Durante a década de 1960, os discos eram lançados em Mono, mesmo tendo gravados em estéreo. Em décadas posteriores a indústria fonográfica lançou o disco estéreo compatível com cápsulas mono (eu tive vários desses discos). Tratava-se, na verdade, de uma modificação no corte do sulco, que o tornava capaz de ser trilhado por uma cápsula mono. Infelizmente, eu já não me lembro mais dos detalhes técnicos, e posso te dizer que esta modificação chegou tarde demais.

    2. Eu trouxe, em vc novembro de 1957 os primeiros discos stereo (Áudio Fidelity), que foram lançados pela nossa gravadora Cia. Brasileira de Discos, pelo selo Philips. Sendo que a agulha stereo foi inventada e fabricada pela Philips da Holanda. Fiz o lançamento, em janeiro de 1958 do som estereofônico por duas rádios AM do Rio de Janeiro. Pelas rádios Metropolitana e Continental, que eram do mesmo dono, Rubens Berardo, e tinham seus estúdios no mesmo andar de um prédio na Pça. Tiradentes. Anunciei previamente para os ouvintes que – no dia tal, às tantas horas – colocassem dois aparelhos de rádio, dispostos, um ao lado do outro. Continental a esquerda e Metropolitana, a direita. Com determinado espaço e ângulo. Com o ouvinte postado um metro, atrás, no centro de um triângulo formado pelas duas rádios. Aí, no dia e hora combinados, transmiti um canal do stereo por cada rádio!…Foi a 1ª transmissão em stereo transmitido pelo rádio (duas estações!) em todo o mundo! …

      1. Olá, eu queria agradecer o seu depoimento.

        Eu fui colega de campus da recentemente falecida Silvia Rabello, filha do Sylvio Rabello, que trabalhou com o Célio Martins na Philips. Foi uma oportunidade única tê-lo conhecido naquela época, por causa da minha atração adolescente pela Bossa Nova, tema que volta e meia aparece por aqui.

        Ainda existe, creio eu, muita coisa para ser relatada, e no caso, se o senhor desejar, poderá responder a este comentário, indicando qualquer material relativo à sua experiência pessoal ou de terceiros. Obrigado!

  2. Olá, gostei muito de ler o seu artigo. Porém, fiquei na dúvida quanto aos primeiros discos estereofônicos. Digo isso porque, pelo que sei, no Brasil o primeiro disco estéreo saiu em 1958 (Ases Do Ritmo – Ritmos Do Brasil Em Estéreo), lançado pela RCA Victor.
    Como tudo demorava a chegar aqui no Brasil, acredito que a inovação, lá fora, veio antes. Ou será que a RCA foi mesmo a pioneira no estéreo aqui no Brasil?

    1. Oi, Cleber,

      Eu nunca me detive em pesquisar sobre a origem da prensagem de discos estereofônicos no país. O que eu posso te afirmar é que a RCA foi pioneira na gravação estereofônica fonográfica, com ensaios que hoje podem ser avaliados em várias edições em SACD (2 e 3 canais). A RCA lançou a série Living Stereo no Brasil. O disco de demonstração foi idêntico ao americano, porém com a narração em português. O original pode ser ouvido no YouTube: https://youtu.be/hnGOLHtzsao

      É bem possível que este disco do Ases do Ritmo tenha sido o primeiro disco estéreo lançado no Brasil, mas as experimentações na América e na Europa o precederam. O som estereofônico no cinema apareceu com o filme Fantasia, de 1940, mas teve impulso somente com o Cinerama de 3 películas em 1952. A indústria fonográfica começou a trabalhar com gravação estereofônica logo após, sendo que as fitas magnéticas pré-gravadas apareceram bem antes dos elepês, por uma série de razões.

      Um detalhe de grande importância neste processo evolutivo é que o disco elepê estéreo não teve aceitação imediata, nem mesmo na América. Durante a década de 1960, os discos eram lançados em Mono, mesmo tendo gravados em estéreo. Em décadas posteriores a indústria fonográfica lançou o disco estéreo compatível com cápsulas mono (eu tive vários desses discos). Tratava-se, na verdade, de uma modificação no corte do sulco, que o tornava capaz de ser trilhado por uma cápsula mono. Infelizmente, eu já não me lembro mais dos detalhes técnicos, e posso te dizer que esta modificação chegou tarde demais.

    2. Eu trouxe, em vc novembro de 1957 os primeiros discos stereo (Áudio Fidelity), que foram lançados pela nossa gravadora Cia. Brasileira de Discos, pelo selo Philips. Sendo que a agulha stereo foi inventada e fabricada pela Philips da Holanda. Fiz o lançamento, em janeiro de 1958 do som estereofônico por duas rádios AM do Rio de Janeiro. Pelas rádios Metropolitana e Continental, que eram do mesmo dono, Rubens Berardo, e tinham seus estúdios no mesmo andar de um prédio na Pça. Tiradentes. Anunciei previamente para os ouvintes que – no dia tal, às tantas horas – colocassem dois aparelhos de rádio, dispostos, um ao lado do outro. Continental a esquerda e Metropolitana, a direita. Com determinado espaço e ângulo. Com o ouvinte postado um metro, atrás, no centro de um triângulo formado pelas duas rádios. Aí, no dia e hora combinados, transmiti um canal do stereo por cada rádio!…Foi a 1ª transmissão em stereo transmitido pelo rádio (duas estações!) em todo o mundo! …

      1. Olá, eu queria agradecer o seu depoimento.

        Eu fui colega de campus da recentemente falecida Silvia Rabello, filha do Sylvio Rabello, que trabalhou com o Célio Martins na Philips. Foi uma oportunidade única tê-lo conhecido naquela época, por causa da minha atração adolescente pela Bossa Nova, tema que volta e meia aparece por aqui.

        Ainda existe, creio eu, muita coisa para ser relatada, e no caso, se o senhor desejar, poderá responder a este comentário, indicando qualquer material relativo à sua experiência pessoal ou de terceiros. Obrigado!

  3. Sempre fui apaixonado por audio, som, equipamentos mas somente de informações.
    Nunca tive equipamentos adequados pra ouvir sobre o que que eu lia. Mas nos ultimos anos, me deparei com os tais arquivos citados pelo amigo, remasterizados em multi canais, 4 ou 5.1 DTS, sacd, dvdAudio. Baixei varios albuns remasterizados em Loss Less, e mesmo no meu equipamento simplorio (um receiver in box DTS 5.1/ Blu ray, com as caixas bem posicionadas) e o som tem um detalhamento impressionante, claro que comparado ao que costumo ouvir, CDs originais. E realmente é um assunto pra poucos apaixonados. Abraço.

    1. Olá, Gdikastro,

      Mesmo em um equipamento simplório o tratamento do sinal de áudio em ambiente digital costuma ultrapassar qualquer expectativa. E certamente a mesma mídia ótica irá lhe dar resultados melhores ainda quando for feito um upgrade no sistema.

  4. Sempre fui apaixonado por audio, som, equipamentos mas somente de informações.
    Nunca tive equipamentos adequados pra ouvir sobre o que que eu lia. Mas nos ultimos anos, me deparei com os tais arquivos citados pelo amigo, remasterizados em multi canais, 4 ou 5.1 DTS, sacd, dvdAudio. Baixei varios albuns remasterizados em Loss Less, e mesmo no meu equipamento simplorio (um receiver in box DTS 5.1/ Blu ray, com as caixas bem posicionadas) e o som tem um detalhamento impressionante, claro que comparado ao que costumo ouvir, CDs originais. E realmente é um assunto pra poucos apaixonados. Abraço.

    1. Olá, Gdikastro,

      Mesmo em um equipamento simplório o tratamento do sinal de áudio em ambiente digital costuma ultrapassar qualquer expectativa. E certamente a mesma mídia ótica irá lhe dar resultados melhores ainda quando for feito um upgrade no sistema.

  5. Essa conversa aqui é muito boa. Agradeço pelas informações e o esmêro na divulgação dos fatos. Alguns de nós trabalharam particularmente em silêncio e sem pagamento nenhum, com o foco em colaborar para, digamos, o acêrvo do mundo do som de diversas maneira, no me caso rigorosamente na restauração e remasterização musical. Obrigado.

    1. Oi, Fernando,

      Seria possível você nos passar detalhes sobre o seu trabalho, caso não lhe cause constrangimento? Eu tenho admiração por quem trabalha com restauração, principlamente no que tange a cinema e áudio. Obrigado.

  6. Essa conversa aqui é muito boa. Agradeço pelas informações e o esmêro na divulgação dos fatos. Alguns de nós trabalharam particularmente em silêncio e sem pagamento nenhum, com o foco em colaborar para, digamos, o acêrvo do mundo do som de diversas maneira, no me caso rigorosamente na restauração e remasterização musical. Obrigado.

    1. Oi, Fernando,

      Seria possível você nos passar detalhes sobre o seu trabalho, caso não lhe cause constrangimento? Eu tenho admiração por quem trabalha com restauração, principlamente no que tange a cinema e áudio. Obrigado.

  7. Poxa Paulo, parece aquela série de TV Túnel do Tempo. Tem muita história nessa matéria. Passamos pela fase da capsula de cerâmica até a magnética, agulhas dos mais variados tipos e materiais, das vitrolas a válvula, até as pick-ups com o sistema DD (Direct-Drive). Tenho um vinil Phase 4 Stereo, mas nunca ví aqui no Brasil algum equipamento para reproduzir o efeito original para esses 4 canais. E a estória dos discos de Cook, foi uma aula que não tive no passado. Já quanto a mixagem de “Bourbon Street Parade” eu sou adepto dessa técnica, pois explora todo espectro do efeito estéreo, pena que hoje ninguém mais mixa dessa forma, e isso ao meu ver matou o estéreo, as gravações atuais mais parecem com mono “2 canais” Mas gosto não se discute.

    1. Caro Rogério, se você me permite, uma correção: os discos Phase 4 da Decca são discos comuns de 2 canais, a diferença de “Fase” eles alegavam estar na mixagem e colocação de microfones. Alguns desses discos soavam muito mal, outros nem tanto. Aqui no Rio a loja do Veiga representava fábricas inglesas e vendia esses discos na versão importada e eram muito procurados pela turma que consumia discos caros. No Brasil, a prensagem coube à Odeon (EMI) e o som era o mesmo, o vinil apenas razoável.

      Discos quadrafônicos propriamente ditos foram prensados mais lá fora do que aqui, durante a década de 1970. Neste período um amigo meu trabalhou na Rádio Transamérica, e eu fui lá conversar com o pessoa técnico. Eles transmitiam quadrafônico, mas tinham consciência de que pouca gente tinha decodificador. Além do mais, a maior parte do material era de dois canais mesmo. O quadrafônico não deu certo, e eu creio que foi porque a nossa cultura de áudio não estava preparada para mais de dois canais.

      Existem selos europeus que estão fazendo SACD quadrafônicos impecáveis, masterizados direto das fitas quad originais. Um deles é o selo Vocalion, cujo site merece uma visita, nem que seja para olhar o que eles recuperaram.

      Sobre o clipe musical do Dukes of Dixieland, um amigo meu norte-americano, que é fanático colecionador de fitas pré-gravadas, me mandou esta gravação uns tempos atrás. Eu recebo e edito faixa a faixa, arquivo e/ou mando de volta para ele. São fitas muito antigas, às vezes é preciso restaurar o áudio, mas é um processo super simples, em comparação ao que fiz no passado com os meus últimos elepês. Eu e esse amigo estamos constantemente procurando fitas no Ebay, e as que eu acho que mando para ele. Nós já conseguimos muita coisa rara, que nunca foi lançada em CD. É o jeito, amigo!…

        1. Walter, os discos de vinil quadrafônicos eram tocados com agulhas apropriadas, de preferência, mas qualquer cápsula servia, porque se trata de um disco normal de 2 canais. O áudio era matricial, os 2 canais se desdobravam em 4, através de um decodificador. Por isso, não existe um toca-discos para 4K, qualquer um serve. Achar um decodificador acho que ainda é possível, geralmente em um amplificador integrado. Mas, como existiam mais de um formato quad, você tem que saber a priori se serve para os elepês a serem reproduzidos.

  8. Poxa Paulo, parece aquela série de TV Túnel do Tempo. Tem muita história nessa matéria. Passamos pela fase da capsula de cerâmica até a magnética, agulhas dos mais variados tipos e materiais, das vitrolas a válvula, até as pick-ups com o sistema DD (Direct-Drive). Tenho um vinil Phase 4 Stereo, mas nunca ví aqui no Brasil algum equipamento para reproduzir o efeito original para esses 4 canais. E a estória dos discos de Cook, foi uma aula que não tive no passado. Já quanto a mixagem de “Bourbon Street Parade” eu sou adepto dessa técnica, pois explora todo espectro do efeito estéreo, pena que hoje ninguém mais mixa dessa forma, e isso ao meu ver matou o estéreo, as gravações atuais mais parecem com mono “2 canais” Mas gosto não se discute.

    1. Caro Rogério, se você me permite, uma correção: os discos Phase 4 da Decca são discos comuns de 2 canais, a diferença de “Fase” eles alegavam estar na mixagem e colocação de microfones. Alguns desses discos soavam muito mal, outros nem tanto. Aqui no Rio a loja do Veiga representava fábricas inglesas e vendia esses discos na versão importada e eram muito procurados pela turma que consumia discos caros. No Brasil, a prensagem coube à Odeon (EMI) e o som era o mesmo, o vinil apenas razoável.

      Discos quadrafônicos propriamente ditos foram prensados mais lá fora do que aqui, durante a década de 1970. Neste período um amigo meu trabalhou na Rádio Transamérica, e eu fui lá conversar com o pessoa técnico. Eles transmitiam quadrafônico, mas tinham consciência de que pouca gente tinha decodificador. Além do mais, a maior parte do material era de dois canais mesmo. O quadrafônico não deu certo, e eu creio que foi porque a nossa cultura de áudio não estava preparada para mais de dois canais.

      Existem selos europeus que estão fazendo SACD quadrafônicos impecáveis, masterizados direto das fitas quad originais. Um deles é o selo Vocalion, cujo site merece uma visita, nem que seja para olhar o que eles recuperaram.

      Sobre o clipe musical do Dukes of Dixieland, um amigo meu norte-americano, que é fanático colecionador de fitas pré-gravadas, me mandou esta gravação uns tempos atrás. Eu recebo e edito faixa a faixa, arquivo e/ou mando de volta para ele. São fitas muito antigas, às vezes é preciso restaurar o áudio, mas é um processo super simples, em comparação ao que fiz no passado com os meus últimos elepês. Eu e esse amigo estamos constantemente procurando fitas no Ebay, e as que eu acho que mando para ele. Nós já conseguimos muita coisa rara, que nunca foi lançada em CD. É o jeito, amigo!…

        1. Walter, os discos de vinil quadrafônicos eram tocados com agulhas apropriadas, de preferência, mas qualquer cápsula servia, porque se trata de um disco normal de 2 canais. O áudio era matricial, os 2 canais se desdobravam em 4, através de um decodificador. Por isso, não existe um toca-discos para 4K, qualquer um serve. Achar um decodificador acho que ainda é possível, geralmente em um amplificador integrado. Mas, como existiam mais de um formato quad, você tem que saber a priori se serve para os elepês a serem reproduzidos.

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